sexta-feira, 27 de abril de 2012

Flagras mostram prostituição infantil e tráfico de drogas em Copacabana


Edição do dia 26/04/2012
26/04/2012 21h15 - Atualizado em 26/04/2012 21h15

Durante dois meses, nossa equipe acompanhou e comprovou: um bar é o maior centro de prostituição do bairro do Rio de Janeiro. (Jornal Nacional)

O universo criminoso na praia mais famosa do Brasil tem prostituição infantil e tráfico de drogas.
Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. De madrugada, um trecho da Avenida Atlântica, um dos pontos turísticos mais conhecidos do mundo, se transforma.
“Quanto é que está o programa com você?”, pergunta o produtor.
“R$ 200”, responde a jovem.
Durante dois meses, nossa equipe acompanhou e comprovou: um bar é o maior centro de prostituição do bairro. Fica a poucos metros de alguns dos hotéis mais caros do país. A maioria dos frequentadores é formada por estrangeiros.
“Eu adoro mulher brasileira”, conta um estrangeiro.
Mas, no local, muitas garotas de programa ainda são meninas.
“Eu tenho 16 agora. Fiz em janeiro”, revela uma delas.
Outra conta que tem 17 anos.
Ela e a irmã, de 20 anos, contam como fazem para enganar a polícia.
“Ela copiou a minha identidade”, explica a irmã.
“Com o nome dela, mas com a minha foto”, acrescenta a menor.
Outro menor também se prostitui. Ele trabalha como travesti e já prestou duas queixas por agressão contra seguranças da boate. O registro de ocorrência revela a idade do garoto: 15 anos.
A prostituição infantil não é o único crime cometido nas calçadas. Traficantes de drogas aproveitam a grande movimentação de pessoas pelo local e usam as garotas de programa para aumentar a clientela.
As duas irmãs dizem que, em troca de segurança, levam os clientes para comprar drogas com os traficantes. “Quando a gente fica com alguém que usa, joga para eles”, detalha uma delas.
Investigações apontam que um homem conhecido como “Batata” é um dos traficantes que atuam na frente do bar. Ele conta que depois da implantação das Unidades de Polícia Pacificadora em Copacabana, ficou mais difícil conseguir droga nas bocas de fumo dos morros.
“Tabajara tem a UPP, mané. E ‘boca’ lá só para os moradores, mané”, avisa. “Aqui no asfalto, vou te falar, tem bagulho aqui, mané.”
Nossa equipe flagrou um encontro de Batata com a mulher que traz a droga do morro para ele vender. Ela se apresenta como "Juninho". Apesar de desconfiado, Batata admite que tem a droga para vender:
- Se ‘tu’ for polícia, não me prende não, irmão.
- Não, tranquilo.
- Eu tenho nada a ver não, irmão. Só ‘tô’ fazendo um adianto pra ‘tu’, irmão.
- Lógico.
- Pô, pelo amor de Deus.
- Não, mas aí, tem?
- Tenho, já ‘tá’ na mão.
Nossa equipe não compra a droga, mas registra a venda para um homem.
“Quando o batata não estiver aqui, eu estou aqui. Mas é que ele pega sempre comigo para ele ganhar um dinheiro em cima”, informa.
O comandante do batalhão do bairro afirmou que faz operações na área, mas encontra dificuldades para prender os traficantes.
“Eles se utilizam de pequenas quantidades justamente para quando forem presos entrarem na condição de usuários”, explica tenente coronel Cláudio Costa, comandante do Batalhão de Copacabana.
O delegado da região, Márcio Mendonça, disse que vai pedir à prefeitura a cassação do alvará de funcionamento do bar.
“Com o término deste bar, a gente acredita que esses crimes que possam estar sendo praticados próximos a este bar deixariam de existir. Traria mais tranquilidade para a região.”
A polícia informou que, na madrugada desta quinta, prendeu três suspeitos de traficar drogas em frente ao bar mostrado na reportagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário